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Adubação e Manejo do Solo Para a Cultura da Videira


A videira é uma cultura que se adapta bem em vários tipos de solos, sendo que seu desempenho produtivo é melhor naqueles com boa capacidade de suprimento de nutrientes.


No Brasil, a videira é cultivada desde solos altamente intemperizados até solos jovens com alta capacidade de suprimento de nutrientes. No entanto, a grande maioria dos cultivos encontra-se em solos que apresentam alguma limitação nutricional, sendo então necessárias correções para que as plantas tenham condições de expressarem seu potencial produtivo. De um modo geral, nitrogênio, potássio, fósforo e boro são os nutrientes mais limitantes dos solos brasileiros cultivados com videira. Apesar dos nutrientes acima citados serem os mais importantes, é fundamental suprir as necessidades das plantas com calcário e fertilizantes químicos e/ou orgânicos.


Implantação de um Vinhedo


Escolha da Área


Topografia


Preparo da Área


Calagem


Implantação de Um Vinhedo


A implantação de um vinhedo requer planejamento antecipado das atividades que visam ao plantio das mudas. Esse planejamento é necessário porque, em uma cultura perene, a época de implantação é a única oportunidade que o viticultor tem para fazer um bom preparo e corrigir as características químicas do solo que podem afetar o crescimento normal das plantas. Assim, é preferível gastar tempo e recursos financeiros nesta fase do que tentar medidas corretivas posteriores, que têm pouca eficácia e alto custo.


Escolha da Área


A videira se adapta em amplas variedades de solos, entretanto deve-se dar preferência a solos com textura franca e bem drenados, com pH variando de 5,0 a 6,0 e com teor de matéria orgânica com pelo menos 20 g dm-3.


Topografia


A topografia influencia na drenagem das águas e na temperatura ambiente. Solos planos e argilosos tendem a ter menor capacidade de drenagem das águas, enquanto que os solos declivosos tendem a não apresentar problemas com encharcamento.


Preparo da Área


O preparo da área tem por finalidade assegurar que as mudas de videira sejam plantadas em condições que possam expressar todo o seu potencial produtivo. Ele consta das operações de roçagem, destocamento, aração, gradagem e abertura das covas ou sulcamento.


Roçagem: Consiste na eliminação da vegetação existente. Essa prática pode ser executada manual ou mecanicamente. Em ambos os casos, não se aconselha a queima da vegetação, apenas retiram-se os arbustos e ramos maiores, sendo o restante incorporado ao solo por meio de uma ou mais arações.


Destocamento: Caso a área seja coberta por mata ou outra vegetação com sistema radicular mais desenvolvido, aconselha-se executar o destocamento após a roçagem da vegetação. Essa prática tem por objetivo a retirada dos tocos maiores para facilitar os demais trabalhos. É feita com implementos mais pesados tracionados por tratores e, eventualmente, por animais.


Aração: Essa prática visa à mobilização total do solo. A profundidade em que esta mobilização é feita depende do tipo de solo e dos trabalhos nele executados anteriormente. É mais comum fazer a aração na profundidade de 20 cm a 25 cm. Gradagem ? Essa prática visa nivelar o terreno que foi revolvido. Esse nivelamento permite a distribuição mais uniforme dos adubos e facilita a demarcação das covas ou sulcos para o plantio.


Preparo das covas ou sulcamento: As covas são preparadas após o nivelamento do solo, tendo as dimensões de 50 cm x 50 cm x 50 cm. Quando a topografia permitir, no lugar das covas, faz-se a abertura de sulcos com profundidade de 20 cm a 25 cm.


Calagem


A calagem tem como finalidade eliminar prováveis efeitos tóxicos dos elementos que podem ser prejudiciais às plantas, tais como o alumínio e o manganês, e corrigir os teores de cálcio e magnésio do solo. Para a videira, o pH do solo deve estar próximo de 6,0 e os teores de cálcio e magnésio devem ser maiores que 40 e 20 cmolc, respectivamente. Recomenda-se a saturação de bases de 80 % como critério para determinar a dose de calcário a ser aplicada.


A quantidade a ser aplicada é calculada pela seguinte expressão:


 Necessidade de calcário (t ha-1) =CTC (V2 ? V1)

10 PRNT

Onde CTC é a capacidade de troca de cátions do solo, V2 é a saturação por bases a ser atingida (80%), V1 é a saturação por bases do solo antes da calagem, PRNT é o Poder Relativo de Neutralização Total do calcário, que é um índice de medida da qualidade do calcário como corretivo da acidez do solo.


A aplicação do calcário deve ser realizada, pelo menos, três meses antes do plantio, distribuindo-se em toda área. Normalmente três a quatro anos após a implantação do vinhedo há necessidade de fazer uma nova calagem.


Adubação


Exigências nutricionais e sintomas de deficiência


Fósforo: os solos brasileiros são deficientes em fósforo, com teores médios em torno de 1,0 mg kg-1 (Mehlich 1), que torna necessária a utilização de fertilizantes químicos para suprir a deficiência. Os sintomas de deficiência de fósforo ocorrem em folhas maduras, nas quais é observada a redução do tamanho, tornam-se amareladas e ainda podem apresentar limbo com manchas avermelhadas.


A concentração normal de fósforo nas folhas da videira varia de 0,15% a 0,25%, sendo que a planta absorve cerca de 1,4 kg de P2O5 para produzir 1000 kg de frutos. Apesar dos solos brasileiros serem naturalmente deficientes em fósforo, não se tem observado sintomas de deficiência em plantas.


Potássio: Na grande maioria dos solos brasileiros, a concentração de K é considerada baixa. Por ser um elemento bastante móvel no interior das plantas, os sintomas de deficiência de potássio ocorrem em folhas mais velhas. Nas variedades brancas, os sintomas iniciais se caracterizam por amarelecimento nas proximidades das bordas foliares, com o agravamento da deficiência as bordas ficam necrosadas. Nas variedades tintas, as folhas tornam-se avermelhadas e também mostram o necrosamento das bordas.


A concentração normal de potássio nas folhas da videira varia de 1,50% a 2,50%, sendo que a planta absorve cerca de 6 kg de K2O para produzir 1000 kg de frutos. Apesar dos solos brasileiros serem naturalmente deficientes em potássio, como no fósforo, também não são comuns sintomas de deficiência em plantas.


Nitrogênio: O teor de matéria orgânica é o indicador de disponibilidade de N no solo mais utilizado, mas este não tem sido muito eficaz na predição do comportamento das plantas, o que tem causado sérios problemas na viticultura, pois tanto o excesso quanto a deficiência de nitrogênio afeta a produtividade e a qualidade dos frutos.


Os sintomas de deficiência de nitrogênio se caracterizam pela redução no vigor das plantas e pela clorose (amarelecimento) no limbo das folhas maduras e velhas. Em algumas variedades tintas, as folhas e principalmente os pecíolos podem apresentar coloração avermelhada.


A concentração normal de N nas folhas da videira varia de 1,60% a 2,40%, sendo que a planta absorve cerca de 2 kg de N para produzir 1000 kg de frutos. Apesar dos solos brasileiros serem naturalmente deficientes em nitrogênio, freqüentemente observa-se tanto a falta quanto o excesso de N nos parreirais. Isso indica que os produtores ainda não têm consenso no uso de nitrogênio, principalmente porque há uma relação inversa entre excesso de vigor das plantas e produtividade e/ou qualidade dos frutos, o que leva os produtores a temerem uma aplicação excessiva de fertilizantes nitrogenados.


Cálcio: O cálcio é um elemento pouco móvel na planta, por isso os sintomas de deficiência aparecem nas folhas jovens. Essas folhas normalmente são menores do que as normais, com a superfície entre as nervuras cloróticas, com pontos necróticos e tendência a se encurvarem para baixo. Os teores de cálcio considerados normais para a videira variam de 1,6% a 2,4%, sendo que as plantas retiram cerca de 6 kg de CaO para produzir 1000 kg de frutos.


Magnésio: Apesar dos teores de Mg2+ da grande maioria dos solos brasileiros serem baixos, ele não tem sido problema sério para a videira, pois, como para o cálcio, a utilização de calcário dolomítico para corrigir o pH do solo também aumenta o teor de Mg.


O magnésio é um elemento móvel na planta, por isso os sintomas de deficiência aparecem nas folhas mais velhas. Essas folhas apresentam a superfície entre as nervuras cloróticas que, com o agravamento da deficiência, vão ficando amareladas, no entanto as nervuras permanecem verdes. Tem-se observado um distúrbio fisiológico chamado dessecamento da ráquis, sendo sua ocorrência mais freqüente nos anos em que o período de maturação dos frutos é bastante chuvoso e o solo apresenta-se com alto teor de potássio e baixo teor de magnésio. Os teores de magnésio considerados normais para a videira variam de 0,25% a 0,50%, sendo que as plantas retiram cerca de 1 kg de MgO para produzir 1000 kg de frutos.


Boro: A grande maioria dos solos do Brasil, cultivados com videira, possuem baixo teor de boro. Freqüentemente, tem-se observado sintomas de deficiência de B, sendo que os problemas normalmente aparecem em solos cujo teor é menor do que 0,6 mg dm-3.


A mobilidade do boro nas plantas ainda é muito discutida, principalmente porque os sintomas de deficiência aparecem nas folhas e ramos novos. A característica principal é a redução no tamanho das folhas e o encurtamento dos entrenós. Os teores de boro considerados normais para a videira variam de 30 a 65 mg dm-3, sendo que as plantas retiram cerca de 10 g de B para produzir 1000 kg de frutos.


Tipos de Adubação


Existem três tipos fundamentais de adubação: a de correção, efetuada antes do plantio; a de plantio ou crescimento, realizada na ocasião do plantio do porta-enxerto ou da muda até 2 a 3 anos; e a de manutenção, realizada durante a vida produtiva da planta. A primeira é feita para corrigir a fertilidade do solo para padrões de fertilidade preestabelecido, a segunda é feita para permitir o crescimento inicial das plantas, e a terceira é para repor os elementos absorvidos pela planta durante o ano.


Adubação de Correção: Como o nome já diz, é feita para corrigir possíveis carências nutricionais. Nela procura-se corrigir os teores de fósforo, potássio e do micronutriente boro.


A quantidade de nutriente a ser aplicada baseia-se em análise de solo e segue-se a Tabela 1 para fósforo e potássio e a Tabela 2 para boro. Os fertilizantes devem ser aplicados 10 dias antes do plantio e devem ser distribuídos em toda área.


As fontes utilizadas para fósforo são os superfosfatos, enquanto que para o potássio recomenda-se o uso do cloreto de potássio ou sulfato de potássio. Em condições de pH menor que 6,0 existe a possibilidade de utilização de fosfatos naturais, mas deve-se comparar o custo dessa aplicação com a aplicação de um fosfato mais solúvel. Para o boro, recomenda-se a utilização de bórax, ácido bórico, boro solúvel e ulexita.


Tabela 1Recomendação de adubação de correção de solos para implantação de videiras.






Tabela 2. Recomendação de adubação de correção do solo com boro.




Adubação de Plantio ou Crescimento:


Essa adubação tem a finalidade de fornecer nitrogênio às plantas durante os dois a três primeiros anos após a implantação. Utiliza-se a adubação orgânica (esterco) e/ou fertilizante químico à base de nitrogênio.

A quantidade de nitrogênio a ser aplicada está relacionada com o teor de matéria orgânica do solo e segue-se a Tabela 3. A fonte de N a ser utilizada deve ser aquela mais fácil de ser encontrada na região. Quando a uréia for utilizada, deve-se tomar o cuidado para evitar perdas por volatilização, assim o solo deve estar úmido e/ou incorporar o fertilizante ao solo.


Em solos com menos de 25 g kg-1 de matéria orgânica, recomenda-se a aplicação de esterco de bovino na ocasião do plantio, na dose 40 t ha-1, que deve ser colocado no fundo das covas ou sulcos de plantio e bem misturado com o solo.


Tabela 3. Recomendação de adubação nitrogenada de plantio ou crescimento.




Tabela 4. Dose e época de aplicação de fertilizantes para atingir produtividade menor que 15 t ha-1




Tabela 5. Doses e épocas de aplicação de fertilizantes para atingir produtividade de 15 a 35 t ha-1.




Tabela 6. Adubação de manutenção baseada na concentração de boro em folhas completas de videira.



Observação: O texto acima foi reproduzido conforme o site : http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/UvasSemSementes/adubacao


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J. Sergio Boffette

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